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    The Tunnel (2011)

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    The Tunnel (2011) Empty The Tunnel (2011)

    Mensagem por Kaivar Dom Set 18 2011, 14:16

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    Sinopse: A história de ‘The Tunnel’ é passada num labirinto de túneis e numa bolsa de água que existe no subsolo de Sydney, na Austrália. O filme convida-nos a seguir Natasha e a sua equipa de filmagens numa investigação para descobrir os verdadeiros motivos pelos quais o lago subterrâneo localizado debaixo da estação de Saint James passou de ponto turístico a zona interdita.

    Titulo Original: The Tunnel
    Realização: Carlo Ledesma
    Argumento: Enzo Tedeschi e Julian Harvey
    Elenco: Bel Deliá, Andy Rodoreda e Steve Davis
    Género: Drama, Horror
    Duração: 123 Minutos
    Director: Carlo Ledesma
    Ano de Lançamento: 2011

    Trailer:



    Crítica por Tiago Ramos


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    A novidade em The Tunnel (e no facto de este merecer uma crítica no blogue, já que não estreou sequer comercialmente em Portugal) é precisamente o seu método de distribuição, que merece algum destaque e pode significar um novo fôlego na área já saturada e dinamitada pelos poucos escrúpulos das produtoras e distribuidoras. Assumindo que há a necessidade de alterar os métodos através dos quais os filmes chegam ao consumidor final e reconhecendo as suas alternativas modernas (e ilegais), a produtora australiana decidiu vender cada frame do filme por 1 dólar, sob a promessa de o distribuir legalmente no Torrentz, para download gratuito. Entretanto e atenta à publicidade do filme, a Paramount comprou os direitos para editar o filme em DVD, mas os produtores mantiveram a promessa e o filme saiu simultaneamente em DVD e através de torrent. Esta forma inovadora de distribuição poderá ser a mudança que o mundo do cinema necessita para se libertar do progressivo distanciamento do espectador.

    The Tunnel é também inteligente no seu conceito: assumindo e fundido as várias tendências actuais do cinema: o mockumentary e as filmagens handycam, estilo amador, celebrizadas por filmes como [Rec] (2007) e Cloverfield (2008). Embora não traga nada de novo ao género, é competente na forma como insere o espectador na história, com bastante verosimilhança (parte da tentativa do governo australiano de resolver o problema da crise da água, através da sua reciclagem em túneis abandonados), apresentado-nos à história com recurso a entrevistas com os "intervenientes" e partindo para o típico found footage.

    O argumento construído para estimular a tensão do espectador é bem concebido através da inserção de algum material subtil que adiciona textura às personagens, aparentemente planas, da história, misturando com os factos crus da televisão. Nada de substancial, é verdade, mas suficiente para que o filme não seja uma simples sucessão de acontecimentos monótonos, Esses pequenos pormenores acabam por criar um interessante conjunto final, bastante sólido para o género, com recurso a uma ambiente tenso e claustrofóbico. Também os desempenhos, praticamente amadores, dos actores do filme, contribuem para imprimir veracidade à história.

    The Tunnel resulta da nova vaga de filmes de terror iniciada por The Blair Witch Project (1999) e que se prolonga para filmes como Paranormal Activity (2007), mas a perícia do realizador Carlo Ledesma resulta num filme bem mais interessante e ligeiramente superior a estes. Não que a história seja inovadora, não que a sua concepção seja algo original. Falso realismo não é suficiente para transmitir substância à película, mas The Tunnel ganha pontos pelo factor entretenimento.

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    Entrevista a Carlo Ledesma, realizador de ‘The Tunnel'


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    O cinema independente mundial não deixa de encontrar maneiras de se impor perante Hollywood e chegar ao público global. ‘The Tunnel’ é a mais recente e original aposta neste sentido – quer pela forma como se financiou quer pela forma como vai ser divulgado.

    A produtora australiana Distracted Media (Carlo Ledesma, Enzo Tedeschi e Julian Harvey) está a vender os ‘frames’ do filme antes e durante a sua produção por 1 dólar cada. Com isto, já conseguiu mais de 22000 dólares para rodar este filme de terror passado nos subterrâneos de Sidney.

    Com milhares de co-produtores, ‘The Tunnel’ será em 2011 lançado gratuitamente via BitTorrent e espera que este batalhão de financiadores partilhem o filme com o mundo de forma a chegar ao maior número de espectadores possível.

    O espírito de equipa que criou este barato, mas ambicioso filme ‘Found Footage’ (ou seja, rodado no regime de falso documentário visto em ‘The Blair Witch Project’ e ‘Paranormal Activity’), está patente em toda a sua comunicação. O seu primeiro poster foi lançado online há umas semanas e mostra uma imagem criada com os nomes das primeiras 1000 pessoas que compraram ‘frames’ do projecto.

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    A história de ‘The Tunnel’ é passada num labirinto de túneis e numa bolsa de água que existe no subsolo de Sydney, na Austrália. O filme convida-nos a seguir Natasha e a sua equipa de filmagens numa investigação para descobrir os verdadeiros motivos pelos quais o lago subterrâneo localizado debaixo da estação de Saint James passou de ponto turístico a zona interdita.

    O c7nema entrevistou o realizador Carlo Ledesma que aguarda ansiosamente o lançamento de ‘The Tunnel’ em 2011, sem fazer qualquer ideia até onde esta distribuição arrojada o pode levar.

    Sobre o filme

    Como surgiu a história de ‘The Tunnel’? É mesmo real, existem mesmo coisas terríveis no subsolo de Sydney?

    ‘The Tunnel’ é baseado em locais que existem mesmo debaixo da estação de St. James: um enorme sistema de túneis que contém um lago “não intencional” no meio, criado por uma plataforma abandonada que acumulou água das chuvas ao longo dos anos. Este lago chegou inclusive a ser um ponto de interesse turístico, mas acabou por ser fechado quando se descobriu que a sua água continha toxinas maliciosas.

    Quando os argumentistas do filme descobriram isto, a sua primeira reacção foi “isto dava um cenário espectacular para um filme”! Daí a escrevê-lo foi um instante.

    Esta foi a primeira vez que realizei um filme que foi escrito por outras pessoas, e foi uma experiência muito enriquecedora dar vida a algo que já estava em papel.

    O que me interessava não eram tanto os elementos óbvios do terror ,mas sim as personagens e o que elas me faziam sentir. Tendo trabalhado em televisão e em documentários no passado, senti uma grande empatia pelas personagens de Nat, Pete, Steve e Tangles (uma equipa televisiva que protagoniza o filme). Tentei caracterizá-los, não como “vítimas de filme de terror”, mas como pessoas reais, com imperfeições.

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    Este filme foi feito no protocolo Found Footage (de filmes como ‘The Blair Witch Project’ e ‘Paranormal Activity’ onde vemos uma filmagem supostamente real). O que vos levou a apostar nesta linguagem que está a ser tão explorada em Hollywood?

    A nossa equipa base (eu e os produtores/argumentistas Enzo Tedeschi e Julian Harvey) vem toda dos documentários, por isso sentimos que conseguiríamos dar a volta ao cinema Found Footage, trazer-lhe algo de novo.

    Uma das nossas apostas passou por nos distanciarmos do ‘Found Footage’ através de mostrarmos o lado de quem sobrevive. Um pouco como em ‘Touching the Void’, o terror verdadeiro reside não na escuridão mas nas reflexões dos sobreviventes sobre o que aconteceu.

    Outro dos motivos para apostar neste tipo de filme passou por limitações financeiras e de cenários. Nos túneis era-nos impossível trazer uma equipa de filmagem completa. Não conseguimos construir um set e filmar nele. Por isso, para filmar nos túneis tivemos que apostar numa linguagem que tornasse o filme possível. Só uma parte foi filmada num local não natural: as sequências do lago foram rodadas num piscina.

    O que devemos esperar do filme?

    Um filme de terror que é um estudo da condição humana e das nossas fragilidades como indivíduos. É um filme sobre objectivos e o que somos capazes de fazer para os atingir.

    Sobre a produção

    Foi dificil filmar na escuridão, num cenário tão difícil?

    Sem dúvida. Não tínhamos orçamento para qualquer tipo de luzes por isso jogávamos muito com as luzes de capacete e as lanternas das personagens.

    Decidimos filmar não com uma, mas com várias câmaras para usarmos as capacidades únicas de cada um dos modelos consoante o que mais nos convinha para cada parte da história.

    Por exemplo, para dar o ‘feel’ das filmagens de noticiário, usamos uma DigiBeta para a maiorias das sequências no subsolo. Para compensar o tremer da câmara desta parte, rodámos as entrevistas de forma muito cinematográfica usando uma RED. Usamos também umas GoPros para similar câmaras de segurança, uma HD de mão para fazer ‘night vision’ e uma Canon 5D com um RED para a sequência de abertura ter um ambiente muito cinematográfico.

    Foi uma mistura de ‘codecs’ que deixaria qualquer editor louco. Para nossa sorte, os nossos editores eram também os produtores por isso não se importaram.

    Toda a produção funcionou na base da amizade e da cooperação. Usamos o crachá do DYI (Do It Yourself – Faça você mesmo) com muito orgulho. Todos sentimos que estamos a pavimentar o caminho das nossas carreiras com este filme. Queríamos ser conhecidos, não como os cineastas que “financiaram o filme de forma original” mas como os tipos que fizeram “um grande filme”.


    Como surgiu a ideia de financiar o filme através de vender ‘frames’ antes e durante a produção, para depois o distribuir gratuitamente através dos torrents?

    A ideia de financiar com produtores individuais veio do Enzo e do Jules. Acho que estávamos um pouco impacientes e desejosos por fazer o filme o mais rápido possível e isso levou-nos a vender pedaços pequenos do filme a quem quisesse. Eu gosto do método porque permite a um fã do cinema de terror de ser dono de uma parte única de um filme. E faz com que tenhamos muita gente a ajudar a divulgá-lo: todos os nossos co-produtores.

    Spoiler:
    Imagem em spoiler pois pode ser considerada chocante
    Sobre a distribuição

    O que esperas que aconteça quando o filme seja editado na internet? O que esperam conseguir com ‘The Tunnel’?

    Esperamos que as pessoas recebam o nosso filme como algo delas e o espalhem pelo mundo. Para mim a ideia de alguém em Portugal fazer ‘download’ do nosso filme, e o partilhar com os seus amigos e estes com os deles, é extremamente entusiasmante.

    Como um realizador com um primeiro filme, este método é uma oportunidade de ter o meu trabalho visto por milhões. Por isso é que decidimos usar a Internet a nosso favor – em vez de lutar contra ela, como muitos parecem fazer.

    A nossa grande recompensa será se as pessoas gostarem do filme e o quiserem comprar depois em DVD com as cenas adicionais e os extras. E conseguirmos fazer mais filmes.

    Se um distribuidor quiser comprar o filme antes do seu lançamento em 2011 via Torrent, vocês venderiam?

    Lançaremos sempre o filme via torrent. O distribuidor teria que aceitar isso. Uma promessa é uma promessa.

    Tens medo que o filme se torne apenas conhecido para sua forma de distribuição? Acreditas que esta estratégia pode vir a ser usada por outros cineastas e a tornar-se numa opção mais comum?

    O meu principal objectivo como realizador do filme é garantir que ‘The Tunnel’ não fique conhecido como o filme “com o truque de marketing giro”. Eu quero que as pessoas apreciam o filme por ele mesmo. No final de contas, vamos ter de apresentar uma história, porque independentemente do meio como chegas às pessoas, é a história que lhes interessa.

    Compreendo que isto é uma experiência que pode funcionar ou não. Acredito que mesmo que não funcione, vemos ter muita gente atenta para ver como nos corre. Não veria problema se fossemos uma inspiração para projectos futuros.

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    Sobre cinema e a Internet

    O que pensas dos filmes de terror recentes? Nomeadamente a onda de ‘remakes’ e dos vários projectos filmados no protocolo ‘Found Footage’?

    Não sou um grande fã de ‘remakes’, apesar de devo confessar que gostei bastante de ‘Let Me In’ (‘remake’ americano do filme sueco ‘Let the Right One In’). O ‘Found Footage’ é óptimo porque é uma forma barata de um realizador de terror fazer o seu filme de forma a chegar ao público global. Mas como qualquer coisa que já foi feita exaustivamente, já começa a saber a um truque velho. Espero que o ‘The Tunnel’ venha a trazer uma vida nova a este género.

    Pensas que a Internet salvou ou destruiu a industria do cinema? Lançar um filme via torrent é a única saída num mercado difícil ou é uma grande oportunidade que este meio criou?

    Mais do que nunca, estamos todos ligados à Internet. Seria um disparate negar esta tecnologia na hora de mostrar os nossos filmes. Os cineastas deviam deixar de associar a Internet a pirataria, e pensar em forma de a por a trabalhar a favor deles.

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    Tens planos para um novo filme?

    Sim, e será muito diferente de ‘The Tunnel’. E não será em ‘Found Footage’.

    Qual é o teu projecto de sonho?

    Fazer um grande filme de acção passado nas Filipinas – que é de onde eu sou.

    Conheces o cinema português?

    Infelizmente, não muito… Podes me recomendar alguns filmes? Alguns de filmes de género (Ficção Cientifica e Terror)?

    Tens algum conselho a dar aos jovens realizadores que leiam esta entrevista?

    Deitem fora esse sentimento de auto-afirmação que tem. Se pensam que são bons e que percebem muito de cinema, então façam filmes e provem que são bons.

    Fonte: splitscreen-blog.blogspot.com & c7nema.net

    Pessoalmente, acho que foi o melhor filme que já vi até hoje Very Happy

    Cumps

      Data/hora atual: Seg maio 20 2024, 11:21